Padre Gabriel Maire

Padre Gabriel Maire

Biografia do padre Gabriel Maire:

Port Lesney, sua família e vocação.

Nasceu em 1º de agosto de 1936 na pequena Vila de PortLesney, no departamento chamado Jura, na região Centro Oeste, interior da França. Seus pais eram agricultores e profundamente cristãos. 

Entre 9 e 12 anos já animava com muita convicção um grupo de crianças, uma espécie de catequista envolvido com a organização de lazer, teatro e momentos de oração.  

 

Dos 20 até 27 anos. Aí estudou filosofia e teologia. Estudou no Seminário Maior durante 5 anos: 2 anos de filosofia (de 1955 a 1957) e 3 de teologia (1960 a 1963) .

 

Cidadão do Mundo

Em 1977é publicado seu artigo: “O padre e a política”.

Gabriel em 1979 num retiro espiritual decide vir para o Brasil. Já conhecia a igreja da América Latina e do Brasil com suas comunidades eclesiais de base e seu dinamismo, sua coragem. O Brasil vivia um período difícil de ditadura militar e a igreja era a voz dos que eram silenciados. Proteção para os perseguidos… Em maio de 1980 Gabriel recebe a autorização oficial que poderia deixar a França e ser padre, missionário: ‘’Fidei Donum’’, (o dom da fé), em Vitória, Espirito Santo.

 

Começa a trabalhar em Porto de Santana e Flexal substituindo o Padre Bernardo, eleito o coordenador de Pastoral da arquidiocese.

O Brasil em 1980 ainda vivia no regime militar.

Entra na equipe de redação do: ’’ Caminhada’’, folhetim litúrgico das CEBs. A ‘’Caminhada’’ era usada para celebrar os cultos e valorizava o papel do leigo, responsável pela animação da comunidade.

Sua frase que ficou marcada: ’’Prefiro morrer pela vida a viver pela morte. ’’

No dia 23 de dezembro de 1989 é assassinado em Cobi-Vila Velha-ES. Uma morte encomendada. . Anunciada. Um choque.. Um grande vazio Algo brutal. Seu corpo foi levado para a França acompanhado por Dom Silvestre e enterrado no cemitério de sua pequena vila de PortLesney. Em seu túmulo está a seguinte inscrição:

Seu amor pelo povo e sua sede de justiça o conduziram à morte.

 

Funções que padre Gabriel exerceu na Arquidiocese de Vitória – ES

Redator responsável pelo boletim ‘Ferramenta’; Coordenador dos Grupos de Mulheres da área Cariacica/Viana; Membro da equipe de redação do folheto A ‘Caminhada’; Assessor da Pastoral da Juventude da área Cariacica/Viana; Coordenador da área Pastoral Cariacica/Viana; Membro do Conselho Pastoral da Arquidiocese de Vitória; Professor do Instituto de Filosofia e Teologia da Arquidiocese de Vitória.

Organizador de movimentos capixabas marcantes que buscavam a conscientização dos problemas sociais e econômicos, dar voz ao povo,  e fazer justiça frente aos direitos do cidadão e punição aos políticos corruptos que administravam as cidades, principalmente a cidade onde residia, Cariacica.

A igreja local foi a principal força organizadora do povo, utilizando um slogan: “PAZ E DEMOCRACIA EM CARIACICA: RESPEITEM O VOTO DO POVO”.

 

Gabriel, um comunicador. Gaby e os Ecos de Vitória.

Gabriel tinha um gosto especial pela escrita. Apreciava registrar os acontecimentos e de corresponder com os amigos da França e do Brasil Afirmou certa vez que se não tivesse sido Padre, seria jornalista. Sabíamos da sua paixão pela comunicação. O que não sabemos é como era possível unir a prática pastoral e as inúmeras reuniões e celebrações e ainda achar um tempo para tantos registros. Estes ocorriam através das cartas individuais aos familiares e amigos. Dedicava-se, sobretudo na troca de correspondência com os amigos e familiares da França. Além disso, recebia ,via caixa postal 1016, vários jornais e revistas de seu país.

 

Aqui deu sua colaboração no Boletim da Pastoral Operária, O “Ferramenta” e no material litúrgico: ’A Caminhada’’.

 

Após o assassinato a Associação dos amigos da França continuou escrevendo os Ecos de Vitória.

Podemos dizer que o seu gênero textual era a narrativa. O fato presente o instigava e o levava a descrever com detalhes e precisão. A escrita como instrumento de conscientização. E a sua escrita seguia uma coerência própria.  Escrevia a vida em seu estado bruto. E a vida presente. A luta da gente escorria da tinta de sua caneta, através das palavras e frases e assim nos apresenta o acontecimento do cotidiano.